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Apocalipse 13 - As Bestas e Exegege do Grego

 


O capítulo 13 do Apocalipse é composto de duas partes principais: a visão da besta que sobe do mar (versículos 1-10) e a visão da segunda besta que sobe da terra (versículos 11-18).

Na primeira parte, João vê uma besta subir do mar, que é descrita como tendo sete cabeças e dez chifres, com nomes blasfemos escritos em suas cabeças. Essa besta é semelhante a um leopardo, com pés como os de um urso e boca como a de um leão. A besta recebeu poder, trono e autoridade do dragão, que é identificado como Satanás (Apocalipse 12:9).

 A segunda parte da visão é a aparição da segunda besta que sobe da terra. Essa besta é descrita como tendo dois chifres como um cordeiro, mas falando como um dragão. Ela exerce autoridade em nome da primeira besta e faz grandes sinais e maravilhas para enganar as pessoas.

A interpretação dessas visões é complexa e variada, mas em geral, a besta do mar é entendida como uma representação simbólica de um poder imperial ou um império opressivo, que persegue os cristãos e tenta impor sua autoridade sobre as nações. A besta da terra é vista como uma representação simbólica de uma religião falsa e enganosa que apoia o poder imperial.

Uma das questões importantes na análise exegética do capítulo 13 é a interpretação do número 666, que é associado à primeira besta. Existem diferentes interpretações sobre o significado desse número, mas a maioria dos estudiosos concorda que ele representa algum tipo de sistema ou identificação que é imposto às pessoas para que possam comprar ou vender.

Podemos analisar a palavra "charagma" que é usada para descrever a marca da besta. Essa palavra é traduzida como "marca" na maioria das versões da Bíblia, mas em grego, ela também pode significar "gravação" ou "impressão". Isso sugere que a marca da besta pode ser algo mais do que uma tatuagem ou um símbolo físico, mas sim uma gravação na mente ou no coração daqueles que escolhem seguir o Anticristo.

Outro exemplo é o uso da palavra "thérion" para descrever a besta que emerge do mar. Essa palavra é comumente traduzida como "besta", mas em grego, ela pode significar qualquer animal selvagem ou feroz. Isso sugere que a besta não é apenas um símbolo do mal, mas também representa a natureza selvagem e descontrolada da humanidade quando se afasta de Deus.

Além disso, podemos observar a estrutura gramatical do capítulo 13 para entender melhor a mensagem que o autor está transmitindo. Por exemplo, a repetição das palavras "e vi" no início de cada nova seção sugere que o autor está descrevendo uma série de visões ou revelações que ele recebeu. A construção repetitiva da sentença "quem tem ouvidos, ouça" ao longo do capítulo enfatiza a importância de prestar atenção à mensagem que está sendo transmitida.

Outra palavra importante usada nesse capítulo é "abussos", que é traduzida como "abismo" ou "profundidade". Essa palavra é usada para descrever a origem da besta que emerge do mar, e pode ser interpretada como uma referência à origem demoníaca da besta. No grego, essa palavra também é usada para se referir ao lugar onde os demônios são mantidos presos até o juízo final, o que reforça a ideia de que a besta é uma criatura maligna e demoníaca.

Além disso, o uso da palavra "episkénoo" para descrever a "habitação" da besta pode ser significativo. Essa palavra é traduzida como "tabernáculo" ou "tenda", mas em grego, ela também pode significar "acampamento militar". Isso sugere que a habitação da besta pode ser vista como uma base de operações militares, indicando que a besta estará envolvida em conflitos e batalhas no fim dos tempos.

Também é interessante notar o uso da palavra "sémeion" para descrever os sinais e maravilhas realizados pela segunda besta. Essa palavra é comumente traduzida como "milagre", mas em grego, ela também pode significar "sinal" ou "portento". Isso sugere que os sinais e maravilhas realizados pela segunda besta podem ser vistos como enganos e falsificações, projetados para enganar aqueles que não têm discernimento espiritual.

Esses são apenas alguns exemplos de como o grego original pode nos ajudar a entender melhor o capítulo 13 de Apocalipse. Ao estudar a passagem em sua língua original, podemos obter novos insights e descobrir nuances que podem ser perdidas na tradução para outras línguas. Isso nos permite ter uma compreensão mais completa e precisa da mensagem que o autor estava tentando transmitir.

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